quinta-feira, 1 de abril de 2010

Um candeeiro para... não sei quê.

As mulheres são de uma imaginação atroz. Lembram-se das aberrações mais aberrantes e, depois, se um desgraçado tem um pouquinho de jeito para alguma coisa, vai de lhe chapar uma carrada de objectos do dia a dia e apelar ao coração mole de um gajo para lhe fazer isto ou aquilo...
Bem, não fiquem com ideias menos próprias. Aqui a minha cara metade, sócia, esposa, teve a brilhante ideia de querer um candeeiro "bonito, lindo, como este da revista". Pois, algures numa revista da especialidade de "coisas inúteis", lá viu um candeeiro que é feito com... chávenas, pires, bules de chá e afins. Pois não desistiu da ideia apesar de eu não manifestar o mínimo interesse por ter trabalho por uma coisa que... E, vai daí, surge-me com uns sacos, cheínhos de cacos de refugo (restos de colecções vendidas a preço de saldo) e, mesmo antes de me mostrar ou dizer o que trazia ali, vai de me dizer, numa voz doce ( a voz que usam para pedirem algo sem a gente reclamar) que me "trazia uma coisa para eu me entreter e ficar divertido...". Pois imagine-se como fiquei animado quando vi aquelas tralhas ali na minha frente e ela me começa a explicar "quero assim, quero assado, quero esta aqui..." e "tu tens tanto jeito. Fazes isto, não fazes?"
Gaita, somos mesmo colocados entre a espada e a parede e nem sabemos qual será pior. Nem respondi mas, ela tratou de continuar:
"tens material para furar porcelana?"
"Tenho, pregos e martelo" - respondi com ironia
"Ah, e como fazes, metes um tubo aqui dentro a uni-las?"
"Não, empilho-as e depois colo... pode ser que aguente" - respondi
"Vá lá, deixa de ser chato... tu até gostas destes desafios..."
Porra, agora sim, agora meteu mesmo o dedo no meu orgulho. São tão inteligentes... quando lhes interessa.
"Vou ver..." - respondi, agora com o tom de quem já tinha perdido a batalha. Comecei a empilhar as peças, ora de uma forma, ora de outra, jogando com a melhor forma do conjunto.
"Ai, gosto dessa assim" - e toca de pedir ao filho para fotografar para não esquecer. E, novo ensaio...
"Também gosto dessa..." e, mais uma fotografia, para "mais tarde recordar".
Bem, vencido mas não convencido.
"Preciso de varão roscado, casquilho..."
"Vamos já ver, vamos ali e trazes já as coisas que precisas..."
"Eh, pára aí... isto não é para ontem. Tem calma..."
E, pronto, em breve, aqui, os passos para fazer um candeeiro com chávenas, pires e outras loiças... tudo explicadinho e com fotografias. Agora, mãos ao projecto, pensar bem no material que será preciso, na maneira de fazer pequenos pormenores, etc.
Voltei? Talvez...